The Games Start Now... Part 2
Lissy
caminhava em direção ao seu antigo colégio; ele ficava perto de sua casa, então
não tinha porque ir de carro ou outro transporte.
O
recado deixado por Bianca era a homenagem que a Appleville School faria para
Josh e sua família. Sra. Summer não queria que sua filha fosse, devido ao
trauma que ela poderia estar sofrendo, mas Lissy insistiu tanto que Sra. Summer
não pode dizer não. Assim, Sra. E Sr. Summers, Lauren e Lissy seguiram para o
lugar marcado.0
Todos
que estudaram com Lissy e Josh no Ensino Médio estavam lá, além de alguns
“novos” estudantes e funcionários do colégio. A homenagem seria no ginásio da
escola, então todos os presentes caminhavam para lá. O ginásio havia sido
decorado com algumas cortinas pretas nas janelas. Um grande palco havia sido
montado bem próximo às cestas de basquete e fotos de Josh haviam sido
penduradas ao fundo do ginásio, atrás do palco. Os mais próximos do falecido
ocuparam a primeira fileira de cadeiras.
Uma
mulher, vestida com saia, blazer e saltos altos – todos pretos –, sobe ao
palco.
Era
Srta. Valdez, a diretora.
-
É com muito pesar que os recebo hoje para homenagear um dos melhores alunos
dessa instituição, que morreu tão cedo e tão drasticamente. Agradeço a presença
de todos, principalmente ao Sr. Campbell, por ter cedido seu precioso tempo e
por ter permitido este evento. – Sr. Campbell balança a cabeça. – Bem,
começarei com o discurso que os professores e eu fizemos...
Todos
aplaudem brevemente e Srta. Valdez espera calmamente as palmas cessarem. Lissy
soltou um suspiro, estava sentindo-se incomodada com alguma coisa, mas não
sabia ao certo o que era. “Talvez seja as
lembranças, Lissy. Preste atenção...”, pensou consigo mesma.
Mas
prestar atenção era algo que ela não conseguia naquele momento, sua mente viaja
entre suas lembranças, tornando impossível realizar tal ato. Ela muda seu foco
para as fotos ao fundo do palco. Era realmente incompreensível que algo tão
tenebroso pudesse ter acontecido com alguém tão bondoso quanto Josh, ele era chato
às vezes, ao ver de Louise, mas era só vê-lo sorrindo que ela esquecia esses
pequenos defeitos. Mas talvez, esse lado chato só estivesse em sua cabeça e na
verdade ela era a chata.
Lissy
lembrou então da noite da morte de Josh. Lembrou-se da ingenuidade do garoto ao
pensar que uma noite nos locais restritos de um circo seria inesquecível ou
especial. Ele não era aquele típico namorado que especial seria levar sua
namorada para cama. Josh Campbell era um romântico e só agora ela via isso. Um
sentimento de culpa tomou conta de Lissy; talvez se ela não tivesse começado
com a discussão, essa homenagem nunca estaria acontecendo e Lissy e Josh
estariam agora debaixo de uma macieira qualquer abraçados e contando suas vidas
futuras um para o outro.
Mas
essa não era sua realidade. Josh estava morto e ela nunca mais veria seus
radiantes e vibrantes olhos azuis de novo.
Sr.
Campbell sobe ao palco, umas cinco pessoas haviam feito seu discurso. Lissy se
pergunta como o tempo havia passado tão rápido.
-
Gostaria de agradecer à todos por terem comparecido. – Os olhos do Sr. Campbell
estavam vermelhos e marejados. – Minha esposa não estava se sentindo muito bem
para vir, por isso sua ausência hoje. – Lissy olha ao redor, observando as
paredes. Parou olhando o teto. – Josh sempre foi um garoto alegre e divertido,
não deixava ninguém da nossa casa se sentir triste... – Havia uma mancha
avermelhado bem acima de sua cabeça. Lembrava uma mancha de bolor. –... Quando
recebemos a notícia da morte de Josh, foi como se toda a alegria de nossa casa
havia sido roubada... – Uma gota se desprende da mancha, caindo na testa de
Lissy. –... Mas eu tenho fé de que essa alegria irá voltar, e quando isso
acontecer estaremos a esperando de braços abertos... – Sangue! A mancha era
sangue! Mas como isso seria possível?? –... Para terminar o meu discurso... –
Sr. Campbell olha para Lissy, essa havia perdido metade de seu discurso. –... Gostaria
de agradecer à Louise, por ter entrado na vida de meu filho. – Lissy o encara.
Mais alguém estava vendo as manchas? – Não havia um dia que Josh não falasse
sobre você. – A mancha começa a se multiplicar, manchando as paredes e criando
relevos. – Obrigado por ter entrado na vida de Josh, Louise Summers.
Uma
salva de palmas se iniciou e Sr. Campbell chamou Lissy para subir ao palco e
conforme ela caminhava para se encontrar com Sr. Campbell, as palmas iam se
cessando. Quando chegou ao local, a garota abraçou o pai que um dia deveria ser
seu sogro. Agarrou o microfone, olhando para o chão. Respirou fundo, levantou
seu olhar e finalmente começou seu discurso.
-
Josh sempre estará no meu coração... Assim como estará no coração daqueles que
também o amam. – Sua voz estava um pouco abafada, não sabia o que falar, não
havia preparado discurso algum antes da cerimônia. – Acredito que... Nunca
existirá alguém como Josh de novo. Um garoto tão alegre e acolhedor, ele não
tinha maldade em seu coração e isso é o que fazia ser lindo. – Ela começa a
encarar as pessoas presentes, alguns ainda enxugavam as lágrimas. Lissy
esqueceu-se por um instante as manchas vermelhas ao encarar um par de olhos que
tanto lhe amedrontava.
Um par de olhos amarelos.
Assim
que Lissy conseguiu assimilar a figura que a encarava seu coração acelera
repentinamente, seus olhos começam a lacrimejar chegando ao ponto de lágrimas
caírem de seus olhos. Em sua cabeça um baque é sentido e uma forte dor de
cabeça a atinge. Ela fica incapaz de abrir seus olhos que começaram a arder
fortemente.
Acorde Lissy...
Uma
voz masculina invade sua cabeça. Suas pernas vacilam e Lissy cai.
Você precisa acordar Lissy!
Lissy
com muito esforço abre seus olhos, todos ali presentes a olhavam, mas não
demonstravam reação alguma, como se estivessem ouvindo pacientemente o
discurso.
Os
volumes aparecem mais e mais, os volumes das manchas das paredes eram mais
visíveis. Lissy encarou um dos volumes. Parecia uma parte de... Intestino?
Nesse
exato momento todos os volumes caem em cima dos convidados.
Órgãos.
Por
todo lugar.
Partes
de corpos começam a sair das manchas. Braços, pernas, olhos, cabeças...
Uma
cabeça rola até Lissy.
Josh...
Lissy
grita com todo o ar e fôlego que pôde. O invasor estava mais perto da garota,
próximo à escada do palco, a encarando. Ele pisca e seus olhos mudam para a cor
marrom, mais outra piscadela e as íris do invasor.
Lissy
se levanta e começa a correr para os fundos. Os convidados continuam parados
olhando para o palco, como se alguém estivesse ali discursando. Lissy entra no
corredor com vários armários vermelhos. Ela ouve a porta por onde saiu bater. O
invasor caminhava em sua direção, pacientemente, enquanto ela corria o mais
rápido possível.
Ela
faz uma curva, chegara ao corredor que tinha uma das saídas da escola. O
invasor estava bem mais perto do que antes. Lissy se desespera.
Não adianta correr, Lissy... Estarei
onde você estiver...
Ela
alcança a porta de saída indo para o grande pátio que havia naquela área da
escola. Pôde ver os ônibus escolares estacionados, mas sem motoristas. O bairro
do colégio, naquele instante estava completamente vazio. Ela corre até a frente
do colégio e para, na intenção de recuperar o fôlego.
Precisamos conversar Lissy...
Ele
estava se aproximando e Lissy estava em desvantagem. Ela chega à parte do
bairro onde ficavam as casas, essas eram separadas da região escolar. Lissy,
ainda correndo, não havia percebido de primeira, mas ao começar a observar para
as pessoas da vizinhança viu que essas estavam paralisadas, congeladas. Não só
as pessoas, mas os animais e objetos.
Olhou
para traz.
Nenhum
sinal do invasor.
Ela
resolveu então fazer uma pausa em sua correria, se aproximou de algumas
pessoas. Uma senhora regava suas flores, mas estava congelada. Lissy podia ver
algumas gotas que escapavam da corrente de água que saía da mangueira. Lissy
balança as mãos em frente dos olhos da senhorinha, essa não esboça sinal algum.
Um
homem passeava com um cachorro e uma garota entrelaçava seus braços junto ao
tal homem. O cachorro estava com a língua de fora e era possível ver seu pelo
levantado, devido aos seus movimentos que foram paralisados.
Crianças
brincando de ciranda, uma dona de casa tirando pó de um tapete, um senhor
cumprimentando seus vizinhos. Todos paralisados. Lissy só podia estar louca.
Sentiu
a presença de alguém.
Olhou
para traz novamente.
Ele
estava lá parado. Com um sobretudo preto igual ao de seu sonho. Apenas a
observando.
Lissy
volta a correr, dessa vez indo em direção à cidade. Conforme ia correndo, mais
pessoas iam aparecendo, mas todas paralisadas. Chegou, enfim, à área comercial
e todas as pessoas pareciam estar reunidas em um só lugar. A área estava cheia
de comerciantes e clientes. Lissy olhou para traz. Ele havia parado no fim da
rua.
Pare de fugir, Lissy... Precisamos
conversar...
Vendo
que ele não faria nada, ela resolveu tentar esconder-se entre a multidão.
Escondeu-se atrás de um vendedor de jornais. Era o ponto mais movimentado, não
havia como ele a ver ali. Olhou ao redor, e nenhum sinal do invasor foi
encontrado.
Ela
solta um suspiro cansada. Tenta acalmar sua respiração, suas mãos trêmulas e
suas pernas fracas. A cidade estava completamente silenciosa, fazendo com que
Lissy se sentisse ainda mais tensa. Olhou ao redor mais uma vez e nenhum sinal
do invasor. Ela resolve se levantar. Tinha que sair dali e correr para um lugar
seguro.
Andando
entre as pessoas, Lissy olhava para os lados tendo certeza de que o invasor não
estava por perto. “Como é que alguém
consegue sumir desse jeito?”, ela pensava consigo mesma. Soltou um suspiro.
Estava cansada, a garganta estava seca e seus olhos ainda ardiam e olhar
aquelas pessoas paralisadas estavam a deixando louca. Ela para em frente a um
homem barrigudo, parecia ser um dono de algum bar da cidade. Ela olhou para os
detalhes de seu rosto, queria ter certeza de que eram ou não bonecos. Os olhos
do homem tinha um brilho vivo nos olhos, sua pele transpirava, havia saliva
saindo de sua boca, essa esboça um sorriso que, se não fosse pelo desespero de
Lissy, seria contagiante. Lissy levanta uma das mãos.
Não toque em nada...
Ela
olhou ao redor novamente, assustada, mas não viu ninguém, mais especificamente
o invasor. Ignorou aquela voz e encostou seus dedos na face do homem.
Eu avisei...
Instantaneamente,
os olhos do pobre senhor se tornam foscos, um risco surge em seu pescoço e pulsos. Logo em seguida, sangue começa
a escorrer por essas riscas e a cabeça do senhor cai, assim como o resto de seu
corpo totalmente multilado. As pessoas paralisadas voltam ao normal e Lissy
sente a presença de algo maligno atrás de si. Ela se vira e lá estava ele, de
pé, a olhando intensamente. Lissy volta a correr, atropelando as pessoas que
estava na sua frente. Uns aglomerados de pessoas se formam ao redor do corpo
esquartejado do homem barrigudo e logo é possível ouvir a sirene do carro de
polícia.
Quando
estava saindo da cidade ela olhou para trás, e as pessoas foram jogadas para o
lado, quebrando vidros de lojas e objetos, um rio de sangue logo se forma.
Todas foram mortas. E o invasor a seguia calmamente, com os olhos dourados
brilhando como nunca.
Lissy
corre até uma estrada vazia. Essa estrada era cercada por árvores e arbustos.
Havia se perdido do caminho de casa na correria. Estava tão desesperada que não
viu quando bateu em alguma coisa, ou melhor, alguém.
-
Srta. Summers?
Joseph.
Lissy havia corrido até o circo Adamatti.
Ao
reconhecer aquela voz rouca e acolhedora, Lissy abraçou Joseph, com toda sua
força e começou a chorar, estava aliviada de ter pelo menos encontrado um
conhecido.
-
Se acalme, vou levá-la para dentro. Cuidaremos de você... – Dizia Joseph
acariciando a cabeça de Lissy, estava confuso.
Dentro
da cela ele se debatia.
Joseph iria sofrer em suas mãos...
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