24 maio 2015

Save Me From Hell — Capítulo 5


The Games Start Now... Part 2


Lissy caminhava em direção ao seu antigo colégio; ele ficava perto de sua casa, então não tinha porque ir de carro ou outro transporte.
O recado deixado por Bianca era a homenagem que a Appleville School faria para Josh e sua família. Sra. Summer não queria que sua filha fosse, devido ao trauma que ela poderia estar sofrendo, mas Lissy insistiu tanto que Sra. Summer não pode dizer não. Assim, Sra. E Sr. Summers, Lauren e Lissy seguiram para o lugar marcado.0
Todos que estudaram com Lissy e Josh no Ensino Médio estavam lá, além de alguns “novos” estudantes e funcionários do colégio. A homenagem seria no ginásio da escola, então todos os presentes caminhavam para lá. O ginásio havia sido decorado com algumas cortinas pretas nas janelas. Um grande palco havia sido montado bem próximo às cestas de basquete e fotos de Josh haviam sido penduradas ao fundo do ginásio, atrás do palco. Os mais próximos do falecido ocuparam a primeira fileira de cadeiras.

Uma mulher, vestida com saia, blazer e saltos altos – todos pretos –, sobe ao palco.
Era Srta. Valdez, a diretora.
- É com muito pesar que os recebo hoje para homenagear um dos melhores alunos dessa instituição, que morreu tão cedo e tão drasticamente. Agradeço a presença de todos, principalmente ao Sr. Campbell, por ter cedido seu precioso tempo e por ter permitido este evento. – Sr. Campbell balança a cabeça. – Bem, começarei com o discurso que os professores e eu fizemos...
Todos aplaudem brevemente e Srta. Valdez espera calmamente as palmas cessarem. Lissy soltou um suspiro, estava sentindo-se incomodada com alguma coisa, mas não sabia ao certo o que era. “Talvez seja as lembranças, Lissy. Preste atenção...”, pensou consigo mesma.
Mas prestar atenção era algo que ela não conseguia naquele momento, sua mente viaja entre suas lembranças, tornando impossível realizar tal ato. Ela muda seu foco para as fotos ao fundo do palco. Era realmente incompreensível que algo tão tenebroso pudesse ter acontecido com alguém tão bondoso quanto Josh, ele era chato às vezes, ao ver de Louise, mas era só vê-lo sorrindo que ela esquecia esses pequenos defeitos. Mas talvez, esse lado chato só estivesse em sua cabeça e na verdade ela era a chata.
Lissy lembrou então da noite da morte de Josh. Lembrou-se da ingenuidade do garoto ao pensar que uma noite nos locais restritos de um circo seria inesquecível ou especial. Ele não era aquele típico namorado que especial seria levar sua namorada para cama. Josh Campbell era um romântico e só agora ela via isso. Um sentimento de culpa tomou conta de Lissy; talvez se ela não tivesse começado com a discussão, essa homenagem nunca estaria acontecendo e Lissy e Josh estariam agora debaixo de uma macieira qualquer abraçados e contando suas vidas futuras um para o outro.
Mas essa não era sua realidade. Josh estava morto e ela nunca mais veria seus radiantes e vibrantes olhos azuis de novo.
Sr. Campbell sobe ao palco, umas cinco pessoas haviam feito seu discurso. Lissy se pergunta como o tempo havia passado tão rápido.
- Gostaria de agradecer à todos por terem comparecido. – Os olhos do Sr. Campbell estavam vermelhos e marejados. – Minha esposa não estava se sentindo muito bem para vir, por isso sua ausência hoje. – Lissy olha ao redor, observando as paredes. Parou olhando o teto. – Josh sempre foi um garoto alegre e divertido, não deixava ninguém da nossa casa se sentir triste... – Havia uma mancha avermelhado bem acima de sua cabeça. Lembrava uma mancha de bolor. –... Quando recebemos a notícia da morte de Josh, foi como se toda a alegria de nossa casa havia sido roubada... – Uma gota se desprende da mancha, caindo na testa de Lissy. –... Mas eu tenho fé de que essa alegria irá voltar, e quando isso acontecer estaremos a esperando de braços abertos... – Sangue! A mancha era sangue! Mas como isso seria possível?? –... Para terminar o meu discurso... – Sr. Campbell olha para Lissy, essa havia perdido metade de seu discurso. –... Gostaria de agradecer à Louise, por ter entrado na vida de meu filho. – Lissy o encara. Mais alguém estava vendo as manchas? – Não havia um dia que Josh não falasse sobre você. – A mancha começa a se multiplicar, manchando as paredes e criando relevos. – Obrigado por ter entrado na vida de Josh, Louise Summers.
Uma salva de palmas se iniciou e Sr. Campbell chamou Lissy para subir ao palco e conforme ela caminhava para se encontrar com Sr. Campbell, as palmas iam se cessando. Quando chegou ao local, a garota abraçou o pai que um dia deveria ser seu sogro. Agarrou o microfone, olhando para o chão. Respirou fundo, levantou seu olhar e finalmente começou seu discurso.
- Josh sempre estará no meu coração... Assim como estará no coração daqueles que também o amam. – Sua voz estava um pouco abafada, não sabia o que falar, não havia preparado discurso algum antes da cerimônia. – Acredito que... Nunca existirá alguém como Josh de novo. Um garoto tão alegre e acolhedor, ele não tinha maldade em seu coração e isso é o que fazia ser lindo. – Ela começa a encarar as pessoas presentes, alguns ainda enxugavam as lágrimas. Lissy esqueceu-se por um instante as manchas vermelhas ao encarar um par de olhos que tanto lhe amedrontava.
Um par de olhos amarelos.
Assim que Lissy conseguiu assimilar a figura que a encarava seu coração acelera repentinamente, seus olhos começam a lacrimejar chegando ao ponto de lágrimas caírem de seus olhos. Em sua cabeça um baque é sentido e uma forte dor de cabeça a atinge. Ela fica incapaz de abrir seus olhos que começaram a arder fortemente.
Acorde Lissy...
Uma voz masculina invade sua cabeça. Suas pernas vacilam e Lissy cai.
Você precisa acordar Lissy!
Lissy com muito esforço abre seus olhos, todos ali presentes a olhavam, mas não demonstravam reação alguma, como se estivessem ouvindo pacientemente o discurso.
Os volumes aparecem mais e mais, os volumes das manchas das paredes eram mais visíveis. Lissy encarou um dos volumes. Parecia uma parte de... Intestino?
Nesse exato momento todos os volumes caem em cima dos convidados.
Órgãos.
Por todo lugar.
Partes de corpos começam a sair das manchas. Braços, pernas, olhos, cabeças...
Uma cabeça rola até Lissy.
Josh...
Lissy grita com todo o ar e fôlego que pôde. O invasor estava mais perto da garota, próximo à escada do palco, a encarando. Ele pisca e seus olhos mudam para a cor marrom, mais outra piscadela e as íris do invasor.
Lissy se levanta e começa a correr para os fundos. Os convidados continuam parados olhando para o palco, como se alguém estivesse ali discursando. Lissy entra no corredor com vários armários vermelhos. Ela ouve a porta por onde saiu bater. O invasor caminhava em sua direção, pacientemente, enquanto ela corria o mais rápido possível.
Ela faz uma curva, chegara ao corredor que tinha uma das saídas da escola. O invasor estava bem mais perto do que antes. Lissy se desespera.
Não adianta correr, Lissy... Estarei onde você estiver...
Ela alcança a porta de saída indo para o grande pátio que havia naquela área da escola. Pôde ver os ônibus escolares estacionados, mas sem motoristas. O bairro do colégio, naquele instante estava completamente vazio. Ela corre até a frente do colégio e para, na intenção de recuperar o fôlego.
Precisamos conversar Lissy...
Ele estava se aproximando e Lissy estava em desvantagem. Ela chega à parte do bairro onde ficavam as casas, essas eram separadas da região escolar. Lissy, ainda correndo, não havia percebido de primeira, mas ao começar a observar para as pessoas da vizinhança viu que essas estavam paralisadas, congeladas. Não só as pessoas, mas os animais e objetos.
Olhou para traz.
Nenhum sinal do invasor.
Ela resolveu então fazer uma pausa em sua correria, se aproximou de algumas pessoas. Uma senhora regava suas flores, mas estava congelada. Lissy podia ver algumas gotas que escapavam da corrente de água que saía da mangueira. Lissy balança as mãos em frente dos olhos da senhorinha, essa não esboça sinal algum.
Um homem passeava com um cachorro e uma garota entrelaçava seus braços junto ao tal homem. O cachorro estava com a língua de fora e era possível ver seu pelo levantado, devido aos seus movimentos que foram paralisados.
Crianças brincando de ciranda, uma dona de casa tirando pó de um tapete, um senhor cumprimentando seus vizinhos. Todos paralisados. Lissy só podia estar louca.
Sentiu a presença de alguém.
Olhou para traz novamente.
Ele estava lá parado. Com um sobretudo preto igual ao de seu sonho. Apenas a observando.
Lissy volta a correr, dessa vez indo em direção à cidade. Conforme ia correndo, mais pessoas iam aparecendo, mas todas paralisadas. Chegou, enfim, à área comercial e todas as pessoas pareciam estar reunidas em um só lugar. A área estava cheia de comerciantes e clientes. Lissy olhou para traz. Ele havia parado no fim da rua.
Pare de fugir, Lissy... Precisamos conversar...
Vendo que ele não faria nada, ela resolveu tentar esconder-se entre a multidão. Escondeu-se atrás de um vendedor de jornais. Era o ponto mais movimentado, não havia como ele a ver ali. Olhou ao redor, e nenhum sinal do invasor foi encontrado.
Ela solta um suspiro cansada. Tenta acalmar sua respiração, suas mãos trêmulas e suas pernas fracas. A cidade estava completamente silenciosa, fazendo com que Lissy se sentisse ainda mais tensa. Olhou ao redor mais uma vez e nenhum sinal do invasor. Ela resolve se levantar. Tinha que sair dali e correr para um lugar seguro.
Andando entre as pessoas, Lissy olhava para os lados tendo certeza de que o invasor não estava por perto. “Como é que alguém consegue sumir desse jeito?”, ela pensava consigo mesma. Soltou um suspiro. Estava cansada, a garganta estava seca e seus olhos ainda ardiam e olhar aquelas pessoas paralisadas estavam a deixando louca. Ela para em frente a um homem barrigudo, parecia ser um dono de algum bar da cidade. Ela olhou para os detalhes de seu rosto, queria ter certeza de que eram ou não bonecos. Os olhos do homem tinha um brilho vivo nos olhos, sua pele transpirava, havia saliva saindo de sua boca, essa esboça um sorriso que, se não fosse pelo desespero de Lissy, seria contagiante. Lissy levanta uma das mãos.
Não toque em nada...
Ela olhou ao redor novamente, assustada, mas não viu ninguém, mais especificamente o invasor. Ignorou aquela voz e encostou seus dedos na face do homem.
Eu avisei...
Instantaneamente, os olhos do pobre senhor se tornam foscos, um risco surge em seu pescoço e pulsos. Logo em seguida, sangue começa a escorrer por essas riscas e a cabeça do senhor cai, assim como o resto de seu corpo totalmente multilado. As pessoas paralisadas voltam ao normal e Lissy sente a presença de algo maligno atrás de si. Ela se vira e lá estava ele, de pé, a olhando intensamente. Lissy volta a correr, atropelando as pessoas que estava na sua frente. Uns aglomerados de pessoas se formam ao redor do corpo esquartejado do homem barrigudo e logo é possível ouvir a sirene do carro de polícia.
Quando estava saindo da cidade ela olhou para trás, e as pessoas foram jogadas para o lado, quebrando vidros de lojas e objetos, um rio de sangue logo se forma. Todas foram mortas. E o invasor a seguia calmamente, com os olhos dourados brilhando como nunca.
Lissy corre até uma estrada vazia. Essa estrada era cercada por árvores e arbustos. Havia se perdido do caminho de casa na correria. Estava tão desesperada que não viu quando bateu em alguma coisa, ou melhor, alguém.
- Srta. Summers?
Joseph. Lissy havia corrido até o circo Adamatti.
Ao reconhecer aquela voz rouca e acolhedora, Lissy abraçou Joseph, com toda sua força e começou a chorar, estava aliviada de ter pelo menos encontrado um conhecido.
- Se acalme, vou levá-la para dentro. Cuidaremos de você... – Dizia Joseph acariciando a cabeça de Lissy, estava confuso.
Dentro da cela ele se debatia.

Joseph iria sofrer em suas mãos...

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