He is Here...
Lissy ainda estava
quieta. A imagem do corpo de Josh estava estampada em sua cabeça, recusando-se
em sair. Os policiais a fizeram várias perguntas, mas ela não respondia, não
porque não queria, mas simplesmente não conseguia. Sua garganta se fechara,
impossibilitando que qualquer som saísse pela sua boca.
- Senhorita Summers, por favor, precisa colaborar
conosco. – Pediu pacientemente o delegado Harris. – Se permanecer em silêncio,
teremos que tomar medidas mais... Rigorosas...
- O que está querendo sugerir, delegado? – Disse Sr.
Summers, esse se levantou de sua cadeira, cruzou os braços e franziu sua testa,
olhando para aquele que ameaçara sua filha, já essa bebia um copo de água, seus
olhos estavam foscos.
- Tente entender, Sr. Summers, sua filha não quer
colaborar com a policia.
- Ora, não está vendo o estado que ela se encontra?
- Pai... – Disse Lissy, num sussurro. – Não se preocupe,
eu irei responder às perguntas...
- Mas...
- Eu já estou um pouco melhor, pode esperar lá fora...
Sr. Summers concorda com a cabeça e logo em seguida sai
da sala do delegado. Louise inspira algumas vezes a fim de se acalmar, tanto
por fora, quanto por dentro de si. O delegado Harris, um homem que aparentava
ter já seus 40 anos, espera que Lissy se tranquilize pacientemente.
- Muito bem, senhorita Summers, já está calma o
suficiente? – Ele pergunta ao ver a jovem terminar seu copo de água.
- Sim... – Responde ela, amassando o copo plástico que
estava em suas mãos.
- Ótimo, então já posso começas...
-
- -
As perguntas que o delegado Harris fez foram, na opinião
de Lissy, as básicas para saber se você é suspeita ou não. Coisas do tipo “Onde você estava às 11:00 da noite anterior?”
ou “Vocês brigavam muito? Você tinha
ciúmes de seu companheiro”. Perguntas completamente desnecessárias, ao ver
da mesma.
No velório, Martha, mãe de Josh, dizia suas últimas
palavras ao filho querido. Os vizinhos, parentes e amigos da família formavam
um círculo em volta da cova, todos de pretos, as mulheres segurando um pano
branco e seus respectivos maridos ao seu lado, uns as abraçavam para
confortá-las. Assim que Martha termina todos a acompanham para a saída, dali
eles iriam para sua casa, naquelas típicas “festas” após o enterro.
Lissy não foi ao velório. Ela queria ir, mas sua mãe não permitiu,
Sra. Summers não queria que sua filha se envolvesse muito sobre o assunto,
temia que a mesma ficasse com algum trauma ou algo do tipo. Lissy então, para
se distrair, ela se trancou em seu quarto ligando o rádio e deixando em uma
estação qualquer.
No
rádio tocava Luna Rossa, de Frank
Sinatra¹, ela não sabia o porquê, mas essa música a fez pensar em Josh e em
como os dois se conheceram. E a partir dali ela se lembrou de quando ele a
pediu em namoro em frente de toda a escola, em como ele ficava empolgado antes
de ir jogar em algum grande jogo do time de futebol da escola. As conversar, os
abraços, os beijos que davam debaixo das macieiras do parque da cidade. E logo,
sem perceber, Lissy se encontrou chorando. A saudade começara a aperta-lhe o
coração, soluçava tanto que mal conseguia respirar direito. Ela então se
levantada e fica sentada em sua cama, ainda chorando desesperadamente. Não
conseguia acreditar, ou aceitar, a morte de Josh, sentiria falta até de suas
crises de criancice.
Quando
os soluços e sua angústia diminuíram, ela deu um longo suspiro, na intenção de
se acalmar. Sentia-se um pouco mais leve, triste – bem triste –, mas leve.
Decidiu então tomar um banho, pra que a “leveza” aumente. O rádio continuava a
tocar, a casa continuava vazia e aos poucos Lissy voltava ao seu estado normal.
Sua
camisola passa pelo seu corpo, já estava escuro e seus pais ainda não haviam
voltado ainda. Deviam estar esperando todos os convidados irem embora da casa
dos Campbell, sempre faziam isso, os Summers eram sempre acolhedores.
Finalmente
vestida, ela desliga o rádio, e se prepara para ir deitar-se. Sentou-se em
frente ao seu espelho e começou a escovar seu cabelo. Distraída ela olha para o
reflexo da janela, essa estava aberta. “Engraçado...
Não me lembro de ter deixado a janela aberta...”, ela se vira e uma leve
brisa fazia as cortinas balançarem. Ainda um pouco confusa, ela se levanta e
vai fechar a janela. Odiava mosquitos, e deixá-la aberta iria permitir que eles
se apoderassem da casa.
Quando
estava voltando à sua penteadeira ela ouvi um barulho na cozinha. “Deve ser mamãe e papai... Ou Lauren...”,
ela ignora e volta a pentear seu cabelo. Porém, o barulho volta a ser ouvido, e
de novo, e de novo, até que ela perde a paciência e vai até o andar de baixo
ver o que raios estava acontecendo.
O
barulho vinha da cozinha, vidros, madeiras e metais caindo puderam ser
identificados com a aproximação de Lissy ao local.
-
Mãe? Pai? – Chama Lissy, os barulhos se cessam no mesmo instante. – Lauren? – E
mais uma vez fica sem resposta.
Seu
coração começa a acelerar. Olhou para sala, não havia nenhuma bolsa, nem de
Lauren, nem de sua mãe. Olhou para a entrada da casa, não viu nenhum casaco
pendurado ali por perto, o que significava que seus pais ainda não estavam em
casa e que a pessoa que estava ali, poderia ser muito bem um ladrão... Ou um assassino...
-
Acha que se esconder atrás da parede irá te proteger, Lissy? – Diz uma voz
grossa e masculina.
Ela
corre de volta para o segundo andar, a pessoa não reage. Lissy se tranca em seu
quarto e corre para a janela.
-
SOCORRO! ALGUÉM POR FAVOR! – Ela grita o mais alto que pode, mas nenhum vizinho
reage, nenhuma luz é acessa.
-
Eles não vão te ouvir Lissy... – A voz era projetada do
outro lado da porta, Lissy podia sentir o corpo daquele que havia invadido sua
casa. Ela continua gritando – Desista e
abra a porta, antes que eu mesmo faça isso...
-
O QUE VOCÊ QUER?? – Grita Lissy para o invasor.
-
O que eu quero eu já consegui há muito tempo... – A porta se abre lentamente. –
E essa coisa está aqui... – Seu braço já é possível de ser visto. – De
camisola, um pouco transparente até, o que deixa as coisas ainda mais
interessantes... – Sua cabeça aparece um pouco, assim como parte de seu tronco,
seu cabelo era um pouco grandes e ele vestia um sobretudo negro. – E pra
melhorar, está completamente suada.
Ele
empurra a porta com força, fazendo-a se chocar contra a parede. Ele levanta a
cabeça devagar e seu rosto é finalmente revelado. Seus olhos eram castanhos,
seu rosto era magro, mas ao mesmo tempo charmoso, atrativo. Em suas mãos havia
vários anéis, e em sua mão esquerda podia se ver algo a mais que os anéis.
Sangue.
Ele
se aproxima de Lissy, olhando-a tão profundamente que a mesma era incapaz de
desviar o olhar do invasor. Ele pisca e no momento que volta a abrir os olhos,
suas íris castanhas mudam para um tom dourado. Lissy estremece, balança a
cabeça e finalmente olha para outro canto do quarto, procurava algo para
acertá-lo e ganhar uma chance de fugir.
Mas
antes que ela percebe-se, o invasor a pressiona contra a parede ao lado da
janela. Ele agarra seu pescoço, a apertando gradativamente. A pressão de Lissy
abaixa em uma velocidade assustadora, estava prestes a desmaiar, portanto, não
conseguia se defender. O invasor aproxima seu rosto ao dela, ele a examina com
os olhos, reparando em cada mísero detalhe do rosto da garota. Em seguida,
passa uma de suas mãos pelo rosto de Lissy, fazendo uma espécie de “carinho”. Lissy,
involuntariamente fecha os olhos, mas os abre novamente quando a carícia se
cessa. O invasor agora leva o rosto para o pescoço de Lissy. Ele sentia o
perfume natural da garota em cada poro do local. Uma de suas mãos para do
quadril de Lissy e a outra na clavícula. A respiração dele começa a acelerar e
consequente a isso, a de Lissy também. O invasor então começa a distribuir
beijos pelo pescoço da garota, mordiscando algumas vezes. Lissy fica totalmente
paralisada, seus olhos estavam fortemente fechados, sua respiração pesara. O
invasor aumentava e diminuía a velocidade que distribuía os beijos.
Ele
então, subitamente, se afasta, Lissy cai em sua cama. O invasor parece ter tido
algum tipo mal-estar, já que estava com as mãos tampando o rosto. Lissy recupera
o fôlego, mas ao invés de gritar para os vizinhos por ajuda, ela o aguarda,
olhando-o com curiosidade. Ele retira as mãos do rosto e a olha, fixamente e
antes que Lissy percebesse, ele já não estava mais ali. A casa fica num breve
silêncio, até que a porta é ouvida bater.
- Lissy! Chegamos... Aonde é que você... MAS O
QUE É ISSO?? – Sra. Summers diz, a voz era escutada um pouco abafada devido a
distância dos lugares.
-
Lissy! Venha aqui, por favor! – Chamou Sr. Summers.
Lissy
tremia. Devido a demora de alguma resposta, Sr. Summers sobe até seu quarto, e
encontra sua filha pálida, com os olhos arregalados, tremendo e suando, se
abraçando em sua cama.
Em
instantes, as sirenes do carro de polícia podiam ser ouvidas, anunciando sua
aproximação da casa.
E ele assistia à tudo, sentado no
gramado do jardim da casa.
Continua...